Falar de livro é falar de amor. Comemorar o livro, infantil ou adulto, é celebrar a possibilidade de transformar, formar, amar. Ser mar. Porque a leitura nos infinita. No dia 18 de abril celebramos o Dia Nacional do Livro Infantil e 23 de abril foi o Dia Internacional do Livro. Ué? Mas livro tem idade? Livro tem fase de desenvolvimento? Etapa de vida? Ou seria o livro a própria vida em linhas e línguas das mais diversas culturas?
Piaget desenvolveu a teoria das etapas de desenvolvimento cognitivo. No processo de amadurecimento o ser passa por fases distintas de construção do conhecimento. A imaginação, a memória, o pensamento lógico, as relações entre as aprendizagens, tudo isso acontece de maneira processual e ininterrupta, do nascimento à idade adulta. Pensando nisso, conclui-se que crianças não têm condições maturacionais para ler, compreender e interpretar livros de todo e qualquer conteúdo. Mas o mesmo não se aplica aos adultos. Pelo contrário. Os livros infantis são verdadeiros mísseis, atingindo o que há de mais profundo, autêntico e essencial no ser humano. Vão direto ao ponto, sem rodeios e com poesia. Ainda lançam mão das ilustrações, que oferecem um deleite à parte. Contam a história através de imagens que falam por formas, cores, nuances.
Também em 23 de abril comemora-se o Dia dos Direitos do Autor. Direitos do autor? Sim, direito de ser lembrado e reconhecido pelo seu ofício. Se as histórias existem e nos alimentam, - chacoalham, divertem, salvam- , é porque alguém as gestou. E pariu. Nós, autores de contos, romances, crônicas, poemas, séries, filmes, novelas, nos damos por inteiro para enredos e personagens das mais diversas índoles, características, problemáticas, complexidades. Vivemos muitas vidas em uma. Abrimos mão de nossas próprias narrativas por determinações e caprichos de nossos personagens. Sim, nós não os escolhemos. Eles nos escolhem e contam as suas próprias histórias, a despeito do que pensamos ou sentimos. E a gente só obedece...
Autores de toda obra literária, expressa a partir dos mais diferentes canais, merecem ter seu trabalho reconhecido. E isso deve acontecer não somente por meio de louvor, elogio, nota na imprensa, abraços amigos. O autor precisa ser pago (e muito bem pago!) pela sua produção. Escrever exige muita entrega e dedicação. Além do trabalho árduo e interminável de mergulho e re-mergulho nos próprios escritos. Esperamos pelo dia de poder viver de nossas produções escritas. Viver do ponto de vista prático. Porque do ponto de vista existencial, escrever é muito mais até do que respirar. Escrever nos supre do oxigênio mais vital de que temos conhecimento. É uma necessidade, uma exigência que habita o mais profundo de nosso ser. Escrever nos alarga a vida, estica o tempo, dá sentido, abre todas as portas. Escrever nos liberta.
Viva os livros! Viva os autores!
Viva cada leitor que abre um livro e alimenta a alma!
Helena LaHis